( Este livro pode ser encontrado no IRPA)
Castelinho
Mariana Oliveira
Tem gente vizinha, bem pequenininha
Fazendo zuada
Uma zuada gostosa, uma zuada treitera
Parece uma feira com as noticias do dia
Uma alegria, uma ânsia de falar
É um canto melódico, é um blá blá blá
Ou será um piu, piu, piu?
Vixe, quem ouviu aquela música toda?
Tem cantor com jeito de plebeu
Tem poeta que acha que é Romeu
Psicólogo tirando a Piaget
Lavadeira com beleza de en-doi-de-cer,
E quem iria dizer
Que essa conversa toda vem do telhado de um
castelo?
Cheio de botãozinho amarelo
E outras flores a balançar,
No balanço do encantado vento
Nem um só, um só momento elas pensam em parar,
Que delicia o castelo branco
No meio do Semi-árido
Tem o brilho do sol dourado
Uns cactos meio cactante,
Jeito sábio, meio pensante
Corpo forte e bem ativo, um modo alegre e vivo
A comunidade do castelo,
É de um jeito passarinho
Falatório de passarada,
Borboletas delicadas e flores de uma nobreza
Esta é a natureza ativa do castelinho
Nos andares altos uns ninhos
Macios e bem quentinhos
Confortam os bebêssarinhos que lá estão
Começando a entender
Que um dia as asas crescem
E pra voar tem que bater,
Que o mundo é uma magia pra mim e pra você
Uma doce melodia que todos os dias cantamos e nos
faz viver,
Castelinho, Castelão, onde está o teu coração?
Ele logo responde: está nessa doce canção,
Uma bela canção de amor
Do passarinho no seu ninho
Do cacto, do beija-flor
Que sem saber fazer poesia
Deixam a alma a sorrir
Agradecida pela dádiva de existir.