Foto do acervo pessoal do saudoso Cosme
VELHO CHICO E DONA VAPOR
Mariana Oliveira
Dona vapor é bela, seu coração é tão imenso e livre,
antigamente viajava
embalada por águas de sonhos e já é bem velhinha,
mas nunca deixou de sonhar e amar,
mas nunca deixou de sonhar e amar,
amar muito aquele a
quem entregou seu coração
com tanta pureza, tanta paixão, tanta beleza!
Dona Vapor leva nas
suas lembranças passeios ao sol,
risonhas crianças a
brincar, a banhar-se
nas gotas clarinhas e
serenas do seu velhinho,
do seu amado velhinho, era Opara seu nome de
índio,
Opara de águas que não
param de correr,
mas depois ficou conhecido como Chico,
o velhinho bem amado do coração de Dona Vapor.
mas depois ficou conhecido como Chico,
o velhinho bem amado do coração de Dona Vapor.
Lavadeiras lavam as
dores do coração nas beiras do rio,
marujos navegam nas
águas de sonhos embalados nos vapores e barcas,
com as noites, as estrelas, o sol, os pássaros.
com as noites, as estrelas, o sol, os pássaros.
Pescadores buscam o alimento e alimentam almas
de histórias e
cantigas em noites de luar,
em dias de peleja e
dias de descansar.
E Dona Vapor, que já
não navega mais,
carrega na sua lembrança vidas de tempos atrás,
histórias contadas, das
festas, da marujada, do Bumba-Meu-Boi,
das rodas de São
Gonçalo,
tudo que um dia foi, motivo
de rosto risonho.
E fala para seu velho
Chico, para o Vento, para si mesma:
‘‘lembro de todas as
viagens que fizemos juntos,
as brincadeiras que brincamos, os perigos que
passamos
envolvidos nas noites
de tempestades.
Lembro até de quando
você brigava comigo e eu ria,
eu ria...porque eu sabia que logo que tudo
passasse,
lá pelo amanhecer do dia, o sol ia nascer brilhante, mágico e galante,
lá pelo amanhecer do dia, o sol ia nascer brilhante, mágico e galante,
nos iluminando a
alma, e você se acalmaria.
Então a gente se amava, mais e mais e celebrava, coisas que se foram um dia...’’
Então a gente se amava, mais e mais e celebrava, coisas que se foram um dia...’’
Chico canta o seu
canto de águas doces,
‘‘Eu sempre estarei aqui,
‘‘Eu sempre estarei aqui,
no silêncio
e na paisagem, nos corações, nas viagens,
bem aí dentro de ti.
A imensidão do céu
que me acompanha,
me leva a conhecer
mundos, horizontes, cidades,
vejo a solidão, a
paixão, a saudade, vejo a despedida,
os caminhos da vida e da liberdade.
Minhas veias são
correntes, que jamais irão secar,
pois homens, mulheres,
bichos, crianças,
vêm a mim se alimentar, trazem as suas almas
e buscam nas minhas águas se renovar,
vêm a mim se alimentar, trazem as suas almas
e buscam nas minhas águas se renovar,
sinto a tristeza
querendo me pegar e logo digo pra ela:
vai-te embora pr´acolá,
sinto a veia querendo parar,
sinto dor, mas vivo e
sobrevivo, insisto e sigo e vou,
correntes e
correntezas, grande ser da natureza,
irmão do homem, irmão
da flor.’’
E o tempo continua a
embalar
o Velho Chico do
nosso coração, as lavadeiras, os pescadores,
os amantes, os amores, o vento com seus
lamentos,
seus cantos de sentimentos,
os bichos e
encantados, sereias e apaixonados,
Petrolina, Juazeiro, meninos
e velhos barqueiros,
Juazeiro e Petrolina,
sua cor, sua voz, o seu cheiro,
esta terra
nordestina.
Temos grande
esperança, que também nossas crianças
Possam com o Velho
Chico brincar e crescer
Ele nos alimenta, nos dá força, nos sustenta
Nos fascina
e faz viver.
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