Rio São Francisco eu rio
da dor da vida quando afogo em ti o olhar
e leio em transe em tuas águas
que sou feliz mesmo se isso me faz chorar.
Rio São Francisco eu choro
quando eu me lembro que ainda não posso morrer
nos braçaos da mãe d’água que me chama
à sua cama
a cada anoitecer.
Rio São Francisco eu calo.
Meu sabiá também é um colibri
e o néctar desta cidade
-flor de poesia aquática-
é um vinho sem fim.
Rio São Francisco eu canto.
Tudo é motivo para uma canção
que desperte o Nordeste
levante em armas meu povo
feito uma inundação.
Rio do destino rio
do tempo rio do mistério
que é existir
oh! rio que são muitos rios
como esses de cantar calar chorar e rir.
Rio da saudade rio
do esquecimento
quem fui antes de quem sou?
Tu vens rio da morte
e vais rio da vida.
E eu venho de onde?
Enfim para onde eu vou?
Rio da verdade rio
Da paz rio do amor rio do bem
água benta do batismo
que me salvou do inferno de não ser ninguém.
Rio santo o santo rio
de minha santa devoção filial
meu irmão e meu padrinho
livrai-me São Francisquinho
das tentações do mal.
Volga ou Don Reno ou Danúbio
Tigre Arno Pó Douro Tejo ou Guadalquivir
Tâmisa Sena Elba ou Moldava
Prata Orenoco Misissipe ou Tenessee
Indo ou Ganges Tigre e Eufrates
Nilo ou Jordão Niger Congo Amarelo e Azul
igual ao São Francisco
não há rio no Brasil
nem em lugar nenhum.
Joseph Bandeira
Joseph Bandeira
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